quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Os tucanos, o golpe e a democracia de ocasião

O desespero tomou conta de vez da campanha tucana para a presidência da república. Serra e a velha direita não conseguem compreender um novo momento na política brasileira, dirigida agora por um partido que já foi de esquerda e que hoje opera na base da cooptação das lideranças populares e na castração das forças dos movimentos sociais. O PT colocou a quadrilha tucana no bolso porque a elite empresarial e a burguesia brasileira nunca lucraram tanto, ao mesmo tempo que o Partido dos Trabalhadores utiliza uma blindagem formada por sindicatos, movimentos sociais cooptados e políticas de divisão de renda. Lula sobreviveu a vários escândalos do seu governo e completará os oito anos de mandato com a conciliação de classes que o PT sonha. Dilma vem no embalo da continuidade desse modelo, que é excludente e desideologizado, mas que conseguiu apoio popular durante o governo Lula.

A essência tucana não enxerga o contexto da disputa... o reduto tucano virou uma casta política, que vendeu o país em oito anos e que representa um grupinho de interesses ligados ao pensamento ultra-conservador. Atualmente, sobrou para o PSDB o lócus da ultra-direita, desprezada pelo povo e sufocada pela máquina política e eleitoral criada pelo PT.

Na vitrine dos partidos da ordem, onde também estão DEM, PTB, PDT, PT, PCdoB, PV e todos os outros partidos ligados ao capital, o método utilizado pela facção criminosa em torno de Serra remonta aos piores tempos da história contemporânea do Brasil. O golpe e a vitória longe das urnas não condiz mais com a estrutura política brasileira.


Estrutura essa que é limitadíssima do ponto de vista da participação popular e que a cada pleito que enfrenta torna as campanhas cada vez menos politizadas. Para a população sobra o descontentamento e a desilusão. O povo brasileiro, cansado de conviver com denúncias de corrupção oriundas de todos os blocos políticos que administram o capital (seja o PT ou PDSB) agora assiste a já naufragada tentativa de levar Serra à presidência por fora da disputa política. O "tapetão" disse não ao golpe da extrema direita, também seria demais, encarar as eleições brasileiras, que já são dominadas pelo poder econômico, como uma "batalha de Itararé", negociada e resolvida ao pé do telefone.

A reta final da campanha de Serra promete piorar o nível dos argumentos, outrora exilados, a dupla FHC e Serra sonham reeditar 1964.
 

Victor Emmanuel
Juazeiro do Norte, Ceará, Brazil
Estudante de História na Universidade Regional do Cariri
 

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