quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MÍDIA PARA O JOVEM OU JOVEM PARA A MÍDIA?


    É inconcebível a ideia de que alguém acredite nessa história de que a “mídia jovem” é feita baseada no comportamento dessa faixa etária, ou seja, um espelho da juventude.
    Cada vez mais o jovem se torna um ponto central do mercado, oferecendo uma ótima chance de investimento. Então, por quê não usar todos os meios para encontrar aí mais compradores e, consequentemente, mais lucro?
    É exatamente aí que a mídia entra. Só que o gasto modelo de publicidade manjada não atingiria o alvo em cheio. Nada mais fácil para impor uma uma ideia do que impondo uma cultura. E é isso que se vê hoje em dia na TV, na música, em todos os veículos de mídia. Os chamados “modismos” estão impregnando tudo. É a mídia impondo aos jovens padrões de beleza, de comportamento, opiniões pré-fabricadas e, pior ainda, preconceituosas, descaracterizando totalmente a capacidade intelectual pessoal, a individualidade.
    O que temos hoje é um jovem passivo, receptor, que apenas engole o que lhe é entregue, mostrando sua incapacidade de reflexão, de jugamento. Se ele não consegue avaliar o que é bom para si mesmo, ele não tem controle sobre sua vida, ficando sujeito à todo tipo de manipulação, principalmente a do mercado.
    O mais triste é ver que para o jovem tomar consciência, precise apanhar até sangrar, como ocorreu no período da ditadura militar, uma das épocas ao mesmo tempo mais sombrias no cenário político e mais rica para a cultura brasileira. O que acontece é que a Ditadura acabou, mas inúmeros fantasmas dela persistem até hoje, só que mascarados, e os detentores do poder fazem de tudo para ocultá-los e gerar esse clima enganoso de paz.
    Não faltam motivos para revolta, para protesto, para o reinício do real movimento jovem. As mazelas continuam por aí, as desigualdades persistem, só basta à juventude abrir os olhos e retomar consciência do seu papel na sociedade.
    Não precisamos de uma mídia chula ditando nosso comportamento, ou nos agrupando nas denominadas “tribos”, que são apenas grupos consumidores. Queremos uma mídia informativa, cultural e enriquecedora, não uma mídia modeladora, manipuladora e apenas mercantilista.

Mário Delima Freire
Ativista Sócio-Político
Aurorense de corpo e alma

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